Por mais sombrias que sejam as nuvens,
por trás
delas esconde-se um sol radiante.
Por mais escura que seja a noite,
mais vivo e forte será
o brilho das estrelas.
Por mais estéril que seja o deserto,
na encruzilhada repousa um oásis
acolhedor.
Por mais venenoso que seja o mutismo,
no útero
do silêncio plasma-se uma palavra nova.
Por mais amargas que sejam as lágrimas,
cedo ou tarde um riso largo as
substituirá.
Por mais despida e vazia que seja a
solidão,
haverão
de povoá-la um olhar e um rosto amigos.
Por mais que o frio corte qual navalha
afiada,
à espera está
o
lume familiar de uma casa.
Por mais ameaçador que seja o mar
bravio,
ao longe o farol indica a direção
do porto.
Por mais nua e pobre que esteja a
alma,
a luz do espírito
a tornará rica e luminosa.
Por mais dolorosa que seja a separação,
o reencontro permanece como horizonte.
Por mais funda que seja a mágoa,
haverá sempre lugar para o perdão.
Por mais que a fome arreganhe seus
dentes,
levanta-se do chão
o clamor por justiça e paz.
Por mais curvado pelo peso da cruz,
nela mesmo reluz a chama da ressurreição.
Por mais inóspitos
que
sejam os caminhos da migração,
abre-se na terra a porta de uma refúgio,
e no céu a pátria definitiva.
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