terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Sínodo dos Bispos sobre os jovens

Dom Adelar Baruffi

No último dia 13 de janeiro, o Papa Francisco deu início ao caminho para a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, apresentando para toda a Igreja o Documento Preparatório. Este Sínodo será realizado em outubro de 2018, em Roma, e terá como tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. A notícia é fonte de alegria e de muita esperança para os jovens e para toda Igreja. Na carta que dirigiu aos jovens, assim se expressou: “Eu quis que vós estivésseis no centro da atenção, porque vos trago no coração.” A Igreja deseja interrogar-se sobre o modo de anunciar o Evangelho aos jovens, de acompanhá-los e ajudá-los no itinerário da vida cristã. O texto bíblico inspirador é do Evangelho de João, em que Jesus se volta aos dois discípulos que o acompanhavam e lhes faz um convite: “vinde e vede” (Jo 1, 39). Assim, afirma o Santo Padre, “Jesus dirige o seu olhar também a vós, convidando-vos a caminhar com Ele. Caríssimos jovens, encontrastes este olhar? Ouvistes esta voz? Sentistes este impulso a pôr-vos a caminho?” Este chamado é atual e é dirigido a todos os jovens, pois Deus quer que todos vivam na alegria completa. Para isto é preciso “empreender um itinerário de discernimento para descobrir o projeto de Deus na vossa vida.”

Para realizar este percurso, a Igreja é convidada a olhar a realidade na qual vivem nossos jovens. As condições em que se encontram muitos jovens não lhes permite criar um espaço para escolhas e projetos de vida segundo o sonho de Deus. “Pensemos nos jovens em situações de pobreza e exclusão; naqueles que crescem sem pais nem família, ou então em quantos não têm a possibilidade de ir à escola; nas crianças e nos meninos de rua de numerosas periferias; nos jovens desempregados, deslocados e migrantes; naqueles que são vítimas de exploração, tráfico e escravidão; nas crianças e nos adolescentes recrutados à força em grupos criminosos ou milícias irregulares; nas noivas-crianças ou nas jovens obrigadas a casar contra a sua própria vontade”, afirma o Documento. No que se refere às opções de vida, há dificuldade de empenhar a vida numa decisão definitiva: “hoje escolho este, amanhã veremos”. No tocante à prática religiosa cresce o número dos que “não se colocam «contra», mas aprendem a viver 'sem" o Deus apresentado pelo Evangelho e "sem" a Igreja, confiando ao contrário em formas de religiosidade e espiritualidade alternativas”.
Com o percurso do Sínodo, a Igreja deseja “encontrar, acompanhar e cuidar de cada jovem, sem exceção. Não podemos nem queremos abandoná-los às formas de solidão e de exclusão às quais o mundo os expõe. Que a sua vida seja uma boa experiência, que não se percam ao longo de caminhos de violência ou de morte, que a desilusão não os aprisione na alienação.” Com os jovens realizar um percurso de discernimento, isto é, um processo em que a pessoa, em diálogo com o Senhor e à escuta da voz do Espírito, chega a fazer as opções fundamentais, a começar por aquela sobre o estado de vida. A Igreja deseja oferecer a possibilidade para que os jovens se encontrem com o Senhor e sua Palavra ilumine sua vida e seus projetos e sejam felizes. Para isto, é preciso caminhar com eles “encontrando-os lá onde eles estão, adaptando-se aos seus tempos e aos seus ritmos”. Esta proximidade, a exemplo de Jesus nos Evangelhos, se dá através de três ações, que podem caracterizar um estilo pastoral: sair, ver, chamar.
Enfim, somos todos convidados a participar ativamente deste processo sinodal, especialmente os jovens de nossas comunidades. Temos certeza que o Espírito Santo guiará este caminho para que todos os jovens vivam felizes, como disse Jesus: “a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa" (Jo 15, 11).
Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta, RS

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